O prefeito de Viçosa, Raimundo Nonato Cardoso (PSDC), disse, em entrevista ao Câmara Aberta, não ter feito nenhuma irregularidade para que seja cassado pela Justiça Eleitoral. Para ele, os erros cometidos durante a campanha do ano passado foram de responsabilidade dos seus assessores, mas não dele.
Ontem, como postamos, o prefeito entrou com recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) contra a decisão do juiz da Comarca de Viçosa, José Carlos Marques, que pediu a cassação do seu diploma e da vice, Lúcia Duque. A ação cautelar pode ser julgada ainda hoje pelo juiz Benjamin Rabelo.
Raimundo Violeira, como é conhecido na cidade, diz que a irregularidade da doação ilícita de R$4.000,00 pela Rádio Viçosa não foi um ato de má fé por parte dele. Ele acredita ter sido um erro cometido pelo contador e advogado de sua campanha, que disseram não saber da lei eleitoral que proíbe que rádios, como veículos de concessões públicas, façam doações.
O prefeito explica que a Rádio Viçosa não doou o dinheiro em espécie. Ele alega que a rádio alugou um estúdio para gravação das propagandas eleitorais, não só para o candidato a prefeito, como também para os candidatos a vereador da coligação, mas não cobrou o aluguel. O valor do aluguel foi passado num recibo como doação.
"Eles alegam que R$4.000,00 influencia [sic] na campanha. E uma matéria que saiu no sábado, um dia antes das eleições, do jornal que mais circula na cidade [Folha da Mata] dando o Dr. Celito com seis, sete pontos à minha frente. Não foi muito pior? É muitas vezes pior do que o caso da rádio. Se fosse o contrário, eu tinha ganhado dele de 4.000, 5.000 votos de diferença. Muita gente não vota em quem vai perder, só vota em quem vai ganhar."
Sobre as alegações que teria comprado votos, o prefeito disse que não tinha recursos para isso, que não visitou nenhum lugar durante as eleições e que, em nenhum momento, se beneficiou da sua condição de prefeito para se reeleger. Segundo ele, sua reeleição se deve às transformações da prefeitura nos quatro anos que ficou no primeiro mandato. Os eleitores, na sua visão, diferenciaram sua administração das que se perduraram por trinta anos na cidade, o que lhe garantiu a maioria dos votos.
Raimundo disse que todo esse processo, "movido por aqueles que sempre viveram à custa da prefeitura", é ruim para o município. Afirmou não ter medo de perder o cargo. "A única coisa que eu tenho medo de perder é minha vassoura no PVB [pavilhão de aulas da Universidade Federal de Viçosa] porque ali é que está minha sobrevivência. Se sair, saio a pé, sem dinheiro pra nada". Ele disse que, caso seja cassado, voltará a exercer sua função na UFV e deixará a política.
Acredita, porém, que permanecerá no cargo. Ele cita exemplos na política mineira dos prefeitos de João Monlevade e Mariana, que, apesar de serem encontradas irregularidades nas campanhas eleitorais, não foram cassados. Além de um exemplo de esfera nacional: "O Lula não pagou pelas besteiras dos Paloccis da vida."
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